O Blog Poços de Caldas Cidade de Comércio Justo está iniciando uma nova forma de levar a você (cidadão engajado com um mundo melhor) a oportunidade de conhecer os benefícios e as ações desenvolvidas em várias partes do mundo para a promoção de um comércio mais justo, estaremos realizando entrevistas semanais com produtores, empresários, voluntários e todos envolvidos com o comércio justo, no Brasil e no Mundo, o objetivo é trazer um pouco da história desse movimento para Poços de Caldas.
Para dar início a esse novo meio de informação entrevistamos a gerente de certificação Fair Trade da PRONOVA-ES, Jackeline Uliana Donna.
Jackeline é muito conhecida dentro do movimento de comércio justo por sua competência e pela boa gestão que desenvolve na Cooperativa de Cafeicultores das Montanhas do ES. Ao lado do presidente Pedro Carnielli, formam uma dupla de pessoas que contribuem para difundir o fair Trade em terras brasileiras.
Leia a Entrevista!!!
Quando a cooperativa foi fundada, conte um pouco dessa história?
A PRONOVA – Cooperativa dos Cafeicultores das Montanhas do Espírito Santo – foi fundada em 1998 como associação, tornou-se cooperativa em 2004 e já se consolidou como a principal interlocutora da cafeicultura da região, realizando um constante trabalho de sensibilização dos cafeicultores da necessidade de produzir o café de forma sustentável, ou seja, adotando processos eficientes e transparentes, com responsabilidade ambiental e social, não só na produção, mas também no processamento e comercialização desses grãos.
Sua estrutura física / operacional conta com um armazém com capacidade de 45.000 sacas e maquinário completo de rebeneficiamento de cafés com capacidade de 800 sacas/dia, balança rodoviária, caminhão, escritório com sede administrativa e um auditório com capacidade para 100 pessoas.
O que levou a PRONOVA a buscar a certificação Fair Trade?
A cooperativa sempre realizou um trabalho com seus cooperados de melhoria da qualidade do café, estimulando a produção de cafés especiais. Esse trabalho, aliado à participação e a premiação dos produtores nos concursos de qualidade de café nacionais, fez com que a cooperativa, em 2005, buscasse uma certificação para os cafés, objetivando a produção de cafés ambientalmente corretos, socialmente responsáveis e economicamente viáveis com um selo que mostrasse para os compradores (principalmente no mercado externo) que o café produzido na região de montanhas do Espírito Santo possui qualidade, aliada à sustentabilidade. Foi nesse contexto que a cooperativa obteve o selo FAIR TRADE, uma das certificações mais importantes a nível de agricultura familiar e reconhecida mundialmente.
Atualmente são quantos cooperados em quantos município?
195 agricultores de 14 municípios, produzindo um volume de, aproximadamente, 54.000 sacas de café sendo, aproximadamente, 20.000 sacas de café cereja descascado. Seus cooperados são pequenos produtores, com uma área média de 10 ha de café, com produtividade média de 25 sacas por hectare.
Quais os principais produtos da cooperativa?
- Café cereja descascado em grão cru de qualidade superior
- Café torrado e torrado e moído
- Cafés em grão cru de qualidade inferior
Quais os principais mercados?
- Mercado interno e externo para os cafés cereja descascados em grão cru
- Mercado interno para os cafés de qualidade inferior
- Mercado interno para os cafés torrado e torrado e moído
Para a Pronova qual a importância da iniciativa de Poços de Caldas em ser uma cidade Fair Trade?
A importância maior é a de mostrar para o consumidor interno o que é o Fairtrade e um selo de certificação, a importância do selo e também a possibilidade de inserir o nosso produto com o selo Fairtrade no mercado interno.
Qual a vantagem do Fair Trade para os agricultores familiares?
Podemos destacar muitas vantagens, dentre elas a possibilidade de exportar através da cooperativa. Toda vez que a cooperativa comercializa o café de seus cooperados como certificado FAIR TRADE ela recebe um prêmio de 20 centavos de dólar por libra peso por saca de café que deve ser utilizado para a melhoria das condições de vida dos próprios cooperados e suas comunidades (desenvolvimento econômico, social e ambiental). Esse prêmio só pode ser utilizado depois de votado em assembléia geral da cooperativa. Os cooperados é que decidem o que será feito com o prêmio, de forma democrática.
Geralmente os projetos /ações que são desenvolvidos com os recursos do prêmio beneficiam as comunidades e os próprios produtores – como exemplos, podemos citar: projeto de educação ambiental, de coleta seletiva, de reciclagem, trabalho com mulheres, montagem de sala de informática na escola da comunidade, projetos de construção de fossas sépticas nas comunidades, dentre outros.
Além disso, com todo trabalho de adequação sócio-ambiental das propriedades para a certificação e de treinamentos, os cooperados tornam-se mais críticos e comprometidos, adequando as propriedades em relação a legislação ambiental, a conservação e a preservação de nascentes, recuperação e conservação de APPs, preservação de reserva legal, controle de erosão, manejo integrado de pragas e doenças visando a redução do uso de agrotóxicos, uso, armazenagem e destinação correta dos agrotóxicos, destinação adequada dos resíduos da propriedade, dentre outros, conferindo maior organização às propriedades.
Porque o consumidor deve comprar um produto Fair Trade e não um convencional?
O selo de certificação Fairtrade é uma garantia para o consumidor de que ele está comprando um produto que foi produzido respeitando o meio ambiente, os trabalhadores e as famílias envolvidas no processo de produção do produto, além de beneficiar e valorizar o trabalho de diversos agricultores familiares que fornecem o café.